Guerra pela Paz?

“TODA GUERRA É GANHA PELOS GENERAIS E PERDIDA PELOS SOLDADOS”.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE.

THE BEREAVED FAMIELIES FORUM PROTESTׂ: famílias israelenses e palestinas que perderam entes queridos e resolveram se juntar e gritar pela paz!

Nesta semana, infelizmente, o Oriente Médio se encontra na situação que a mídia mais gosta: em guerra. Explosões, tiros e mortes. Os jornais vendem, as pessoas tomam partidos, apontam culpados, políticos ganham intenções de votos por terem sua política altamente voltada para a segurança externa. Lá isso é necessário. Afinal, uma região movida à pólvora precisa que seus governantes sejam fortes o suficientes para defender seus respectivos cidadãos. Correto. Se a história toda realmente precisasse ser assim.

A Primeira Guerra Mundial aconteceu como consequência do neo imperialismo, corrida armamentista, revanchismo, dentre outras causas que nós aprendemos na escola. Responsáveis: Alemanha, Itália, França, Inglaterra, Rússia, Império Austro-Húngaro, Império Turco-Otomano, Estados Unidos. Ou melhor, seus líderes, claro. Resultado: mais de 19 milhões de mortos, cerca destes 5% eram civis. O que é uma outra questão importante. Seriam todos os soldados seres extra humanos, não civis nas horas de folga, homens e mulheres que não possuem vidas normais, aqueles que, como nós em nossos empregos, cumprem ordens nem sempre lá muito claras? Esse 5% pode ser importante para um certo número de pesquisas, mas deixo ressaltado os 19 milhões como um todo.

Bom, Israel e Palestina, nossos atores principais favoritos da odisséia “Oriente Médio, palco de guerras”. Resumo da ópera. Desde quarta feira cerca de 300 mísseis foram atirados de Gaza em direção a Israel. Começaram atingindo cidades do sul e estão chegando ao centro do país, bem próximo a Tel Aviv (algo que não ocorria há 20 anos). Responsável: Hamas. Israel precisa se defender. As FDI (Forças de Defesa de Israel) revidaram com cerca de 250 mísseis em direção a Faixa de Gaza. Atingiram, com elas, algumas células terroristas preparadas para lançar ainda mais mísseis. Responsável: Likud (Benjamin Netanyahu). O Hamas é o partido governante oficial de Gaza, oposto ao governo palestino da Cisjordânia contra qualquer intenção de conversação com Israel. O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é do partido Likud e está em seu segundo mandato desde 2009. Mas tudo isso você pode ler nos jornais (eu indicaria os locais, que como todo bom meio de comunicação já é partidário, mas não tão sensacionalista como os que temos no Brasil).

Em outras palavras: o Hamas se recusa a conversar com Israel, quebra o cessar fogo constantemente nos últimos meses através de mísseis, que após algum tempo de tolerância são revidados pelas FDI. E aí fica nessa. Morrem civis, morrem militantes, morrem soldados. Morrem pessoas. Nesta situação atual, até o momento, foram 15 palestinos e 3 israelenses. Israel possui alarmes, bunkers e política de proteção e artefatos anti-mísseis. O por que da mídia internacional condenar a alta proteção é uma indagação. Na Faixa de Gaza, nada, nenhuma proteção. As aulas escolares costumam continuar em dias como este, então as pessoas ao redor do mundo culpam Israel pela morte de crianças, mulheres e idosos. Pois é. Crianças israelenses não morrem, mas elas crescem sabendo que o alistamento no exército não é obrigatório. É necessário. Não é porque elas não morrem que ficar em bunkers escutando explosões torna-se algo passível de terror e perigo. É assim que eu vejo a situação, sim. De forma simples, estou criticando a falta de crítica ao redor do mundo em relação ao Hamas.

Mas, a indagação fica. Quem eram estes 15 palestinos? E quem eram estes três israelenses? Não quero saber seus empregos, se eram soldados ou comerciantes. Gostaria de saber se eram maridos, filhos, pais, amigos. Quais os seus nomes. A quem deixaram saudades. Quem são os milhares amedrontados dos dois lados da fronteira?

A visão realista do mundo é a mais clara pela minha janela. Mas por convicção, sou pacifista! Acredito no direito de defesa mas ninguém vai me convencer que todo palestino é terrorista e que todo israelense é imperialista, caçador de árabe. Ah, pelo amor de D’us. Que, aliás, deveria ser mantido fora desta história. Pessoas são pessoas, como eu e você. E a maioria delas não quer conflito, não quer morrer com uma bala perdida, uma bomba no ônibus ou um míssil aterrissado em sua casa. Faço um apelo para que parem de achar um mocinho e um bandido. Se existisse, um dos dois já teria ganhado essa rixa. Quando aceitarmos que existem versões, verdades e narrativas diferentes, será possível conversar. Ou, no nosso caso aqui distante, colaborar em prol de um bem maior.

Palestinos (e partidários): israelenses são pessoas como vocês, que moram em Israel, nem sempre apóiam o governo e têm medo de morrer em guerra. Israelenses (e partidários): nem todo palestino é terrorista, muitos temem e são contrários ao governo do Hamas.

Continuem escrevendo nos seus facebooks e twitters posts sobre este conflito. Mas enfatizem o principal: que ele não deveria estar acontecendo, que nenhum de vocês quer isto para ninguém. Curtam as páginas dos movimentos Israel-Loves-Palestine, Palestine-Loves-Israel, Israel-Loves-Iran, Iran-Loves-Israel e vejam com seus próprios olhos como “eles” querem a mesma coisa que “vocês”. Viver em paz.

Indico a leitura do depoimento de Michel Gherman, doutorando em História Social pela UFRJ que está em Israel: “O Conflito Palestino-Israelense tem muito mais do que dois lados”.
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Texto publicado originalmente no blog Middle East Talks … vamos bater um papo sobre o Oriente Médio?

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://orientemediohoje.com

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