Carla Habif

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Carla Habif é historiadora, graduada pela Universidade Federal Fluminense, especialista em Relações Internacionais com foco na área de política internacional no Oriente Médio e mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pretende trazer um pouco do que se passa nessa região em forma de opinião, notícias e outros meios. Sabendo que este é um assunto super polêmico, declara que tem a intenção de compartilhar novidades e esclarecer informações que não chegam até o Brasil ou que são altamente distorcidas por nossos meios de comunicação. É a favor da paz e por isso propõe mais uma forma de trocar idéias da melhor forma possível.

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O AMOR NÃO É CEGO – Paixões estúpidas são

Imagine que você ama alguém. Qualquer alguém. Um homem, uma mulher, seu filho, seus pais… Agora pense em uma situação na qual essa pessoa tenha errado. Ou que ela esteja tendo uma conduta que não seja produtiva para si própria e para o mundo. Ou, ainda, que ela esteja agindo de uma forma prejudicial: matando aulas, faltando ao trabalho, sendo hostil, bebendo muito, etc. Você não falaria isso pra ela? Não chamaria sua atenção? Aconselharia ela a mudar de hábitos?

Pare e pense nesta hipótese. Se você a ama, sua resposta provavelmente foi sim. Se não é amor, pode ser que se deixe passar. Aquele amigo que na verdade é mais um colega de night ou aquela ficante mais ou menos que nunca vai virar namorada. Eles fazem o que querem com suas vidas, não nos importa tanto assim. As pessoas que nós amamos, chamamos a atenção, criticamos construtivamente e damos conselhos. Porque queremos que elas sejam felizes, produtivas, que tenham vida longa. Queremos ajuda-las.

Esse texto vai para alguns sionistas. Se vocês amam Israel, critiquem-no. Percam o medo de aceitar que o país não é perfeito, que comete erros, que pode mudar suas políticas. Deixem de achar que existe tal coisa como uma nação ideal com ações ideais. De buscar explicação para cada ato que parece inexplicável. De achar que a culpa é sempre do outro. Se você que está lendo está em algum lugar legal agora, em uma profissão almejada, em uma família feliz, em um grupo de amigos maneiro ou morando sozinho independentemente, você chegou aí porque seus pais ou alguém te ensinou que não se pode achar que a culpa é sempre do seu coleguinha, ou mesmo do mundo – inferno astral, né? Surpresa! Nós erramos. Eu, você… absolutamente cada um de nós. E é errando que se aprende e aprendendo nós mudamos aquilo que não está lá muito legal da nossa parte.

Esse texto super direto, metafórico mas não tanto, simples até demais, é em resposta a uma situação que era para ter sido linda e se tornou estúpida. Que nem briga de criança. Há uma semana e meia ocorreu a palestra de um Professor da Unicamp proveniente do Egito, Mohamed Habib, no Hillel Rio. Foi no dia 21 de Maio, sobre as perspectivas entre Israel e Palestina, e foi show.

Para começar, o Professor Mohamed é um fofo (aham, fofo). Super gentil, educado, paciente. Em segundo, ele tem experiência quando o assunto é o conflito Israel-Palestina. Em terceiro, se nada disso acima fosse verdade, ele falou bonito no dia.

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Nascido e crescido no Egito, o Mohamed Habib é engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado. Atuando na UNICAMP desde a década de 1970, ele também foi Vice-Presidente do Instituto de Cultura Árabe.

A palestra do Habib deu o que falar. No dia mesmo tinha gente escrevendo que era um absurdo o Hillel realizar este tipo de evento. Dentre as retóricas sem fim e repetitivas – que para mim parecem senso de ameaça a uma opinião pessoal que se soprar, derruba – estava a Nakba. O assunto proibido dentre muitos judeus. Eu cresci em escola judaica, fiz parte ativa de movimento juvenil, ingressei na faculdade de História aos 18. Só descobri que a Nakba existia depois dos meus 20 anos. Que coisa. Agora eu paro e penso, como é que eu podia me atrever a falar, opinar, criticar sobre a história do Estado de Israel se eu sequer tinha o conhecimento da Nakba? Algo que faz parte, uma bela parte, dessa história?

O Professor Mohamed não falou nada sobre a Nakba. A palestra nem era sobre isso. Mas por que será que assusta tanto? Não diga que você quer a paz. Não diga que se “o outro” abaixar as armas, teremos paz. Não fale asneiras, porque é isso que você está dizendo se não se propõe a escutar a narrativa dele. Escutar como ele vê a história não desmente a forma como você vê a sua. Nem ameaça. A não ser que você não tenha lá muita certeza do que vê. Falar de Nakba, explica-la, entende-la é amar, e muito, Israel. Não falar dela, fingir que ela não existe (o que parece também coisa de criança – fingir que o coleguinha com o qual brigamos não existe), isso é muita falta de amor a uma instituição que se visa defender, que se procura dignificar. Porque aí, quando alguém vem perguntar a respeito e você fala “sobre isso nem me dou ao trabalho de comentar”, meu amigo… Tudo o que você fez foi acabar com a sua fala, com a sua legitimidade de discutir o assunto e ajudou a queimar a imagem daquilo que você estava tentando defender, já que é algo que não enxerga o outro lado, que não discute, que tem verdade pronta e inquestionável.

O mundo não pode ser inquestionável. E, pra sua surpresa (provavelmente), nem o sionismo é ou nunca foi. De Pinsker, passando por Herzl e Ahad Ha’Am chegando a Gordon e Borochov e, enfim dando espaço ao Rabino Kook (tendo omitido aí uma galera), muita água rolou nesse rio. Água que nunca desembocou no mesmo mar, se você quer saber. E o Estado está aí, da praticidade à politização, discussões sobre o ser judeu cultural, socialista e religioso, se formou um Estado. Porque você não quer discutir, criticar, ter opiniões adversas, se foi isso que os primeiros teóricos fizeram?

Mas enfim. Nem foi sobre a Nakba. Ele falou sobre paz. Sobre ser pacifista, a prática. A opção de vida, diria eu. Ele deu conselhos sobre como um peacebuilder deve agir, deve trabalhar na sua formação. Utilizou exemplos de como os governos (todos os governos) do Oriente Médio se aproveitam desse conflito, enquanto quem luta ele são exércitos e civis. Ele falou da vida que tinha no Egito, junto com judeus e cristãos e como faz o mesmo aqui até hoje. Mohamed Habib é muçulmano, esqueci de mencionar. Ele falou sobre como planta moloheia com seus vizinhos e disse que, na opinião dele, um acordo é inevitável. Que de repente nem ele e nem ainda nós vejamos isso acontecer, mas em breve vai acontecer.

Eu já ouvi bastante gente falar sobre o assunto. E muitas pessoas que falam sobre coexistência, também. Acho que o Habib foi a pessoa que menos pé atrás tinha, menos freios, nem um pouco na defensiva. Senti sinceridade absoluta. E estou falando isso porque cheguei a escutar até que o cara queimou bandeira de Israel em algum momento. Aí fui procurar e fiquei mais de uma hora catando sobre o histórico dele na internet. Não achei nada. Mas parei, porque percebi que as pessoas que o estavam criticando e, principalmente, criticando o Hillel pelo evento, não tinham razão mesmo se ele tivesse queimado coisas. Elas estavam criticando cegamente. E se ele tivesse queimado, me tira o direito de escutar o porquê ele fez isso? Não é melhor eu saber o motivo de uma coisa que eu acho errada para poder explicar que ela está errada e que pode ser diferente? Ou vai me dizer que você bate nos seus filhos sem explicar porque o “não pode”?

Se você estiver pensando em me responder dizendo que eu não procurei direito, ou que parei de procurar antes de achar que ele escreveu contra o Estado de Israel, não se dê ao trabalho. Eu li os artigos do Professor. Ele escreveu sobre a transgressão daResolução 242 do Conselho de Segurança da ONU e sobre os direitos dos palestinos de ter um Estado. E repito: não achei nada que ele tenha escrito contra Israel.

Infelizmente, a paz não pode ser feita como num aperto de mão após uma briga de crianças. “Agora pede desculpas e dá um beijo”. No mundo dos adultos, a paz acontece quando os dois ou mais lados do conflito se escutam, se perdoam e chegam a um acordo. Sem diálogo, não tem paz. Se você não quer ouvir o que o outro tem a dizer, colega, não é diálogo, pra começar. Logo, veja só, você provavelmente não quer a paz. Querer a sua versão do que é melhor pro mundo é outra história, algo como ditadura, já ouviu falar? Aconteceu no Brasil há 50 anos.

O Estado de Israel completou 66 anos de vida em 2014. Nesse meio tempo muita coisa mudou. O Estado avançou em tecnologia e ensino, é primeiro mundo no quesito saúde, possui uma diversidade enorme de instituições de coexistência e absorção. E você? Está preparado para amadurecer? Você sempre vai ser livre para ter a persistir em sua opinião. Só precisa realmente saber do que está falando. Porque já sabe, né? Se não sabe brincar, melhor não descer pro play.

Ficou claro ou quer que desenhe?

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Mulheres palestinas contra “Crimes de Honra”

Em 2013, o número de assassinatos de mulheres palestinas por Crimes de Honra” dobrou. No ano anterior, foram mortas 13 mulheres e, em 2013, 26. Na última semana, o “Palestinian Center for Human Rights” (PCHR) divulgou a morte mais recente, ocorrida em Bani Suheila, uma cidade ao sul de Gaza. A vítima se chamava Islam al-Shami, tinha 18 anos e foi atacada com um faca de cozinha pelo irmão enquanto rezava em seu quarto. O perpetrador, de 21 anos, foi preso e alegou que matou a irmã em defesa da honra da família[1].

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Crimes de Honra” são um fato corrente em muitos dos países árabes e se referem usualmente ao contato considerado indevido entre mulheres solteiras e algum homem. As mortes são causadas por membros masculinos da família, como pais ou irmãos. Segundo ativistas pelos direitos das mulheres, o aumento de tais mortes é resultado da crescente crise econômica em conjunto com a leniência em relação a crimes deste tipo e da aceitação social pela violência contra as mulheres[2].

Além do maior número de mulheres mortas por “Crimes de Honra”, há também a questão da pena para os perpetradores. Geralmente são penalidades pequenas, como prisões de curto tempo, o que facilita sua prática. As mulheres e os ativistas pelos direitos femininos da Palestina pediram esta semana para que o Presidente da “Autoridade Nacional Palestina” (ANP), Mahmoud Abbas, rejeite pontos do “Código Penal” que abrem espaço para tais penas de prisões curtas.

Em 2011, Abbas suspendeu um dos Artigos referentes a esta questão, mas muitos outros permanecem válidos. Segundo Hanan Ashrawi, oficial sênior da ANP e ex-deputada, o presidente da “Autoridade Nacional Palestina” se reuniu com os ativistas em novembro de 2013, mas depois passou o caso para seu representante legal.

Ashrawi faz parte dos defensores dos direitos das mulheres na Palestina e disse quepolíticos homens deixam de lado preocupações femininas muito constantemente. Esta atitude é embasada em argumentos de que existem problemas mais urgentes a serem resolvidos, como a ocupação por parte de Israel. Ainda segundo Ashrawi, Leis arcaicas que prejudicam as mulheres também atrapalham as aspirações palestinas[3].

A “Ministra dos Assuntos Femininos na Cisjordânia”, Rabiha Diab, afirmou que o aumento dos “Crimes de Honra” é muito claro na sociedade palestina, mas que nem sempre eles realmente ocorrem por algum motivo de proteção da imagem da família. Segundo Diab, em alguns casos os perpetradores alegam ter assassinado alguma mulher de sua família em nome da honra, quando na realidade o objetivo era se beneficiar financeiramente ou de alguma outra forma, sabendo das punições lenientes[4].

Em seu discurso, Ashrawi também condenou o uso do termo para se referir à violência doméstica contra as mulheres. Em sua opinião, a mulher não é um emblema de honra para o homem ou sua família, mas um membro igual da sociedade.

Os representantes de Mahmoud Abbas não se pronunciaram sobre o assunto.

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Imagem (Fonte):

http://www.timesofisrael.com/plo-official-israel-asked-us-out-of-negotiating-room/

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.pchrgaza.org/portal/en/index.php?option=com_content&view=article&id=10138:increase-in-violence-against-women-two-girls-killed-in-jabalia-and-khan-younis-by-their-relatives&catid=36:pchrpressreleases&Itemid=194

[2] Ver:

http://www.haaretz.com/news/middle-east/1.576737

[3] Ver:

http://www.saudigazette.com.sa/index.cfm?method=home.regcon&contentid=20140228197105  

[4] Ver:

http://www.maannews.net/eng/ViewDetails.aspx?ID=677046

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

PORQUE EU PREFIRO ESTAR ENTRE MUÇULMANOS ou “Meus dias com a Sarah”

Ok, isso não é inteiramente verdade. Eu não prefiro andar com muçulmanos mais do que qualquer outra pessoa, de qualquer outra religião ou cultura. Mas eu amo meus amigos muçulmanos e sou apaixonada pelas suas filosofias, ensinamentos e estilos de vida. Mas o título deste texto vem como uma resposta a qual as pessoas me perguntam bastante. E esta história teve início em Sarajevo, na Bósnia, em Junho de 2013. Ou talvez até antes.

Eu fui criada como judia. Filha de pais judeus, frequentei uma escola judaica, fui a sinagogas em festas e Shabatot, fui membro de um movimento juvenil judaico. Eu tive o judaísmo em minha vida como religião, como cultura, como história e até – se posso cruzar algum tipo de linha aqui – como um nacionalismo. E sou judia hoje, por opção. Eu amo o judaísmo.

No entanto, durante minha infância e adolescência, escutei muito sobre os problemas entre judeus e muçulmanos ao longo do tempo. Meus pais tiveram que deixar seu país natal porque Gamal Abdel Nasser forçou a saída de judeus do Egito. O mesmo aconteceu em outros países árabes. E hoje em dia temos o famoso conflito entre Israel e Palestina, que, claro, envolve muçulmanos e judeus. Porém – e não posso explicar como ou porque – nunca aceitei este “problema”, nunca pude entende-lo e jamais consegui fazer a conexão entre as pessoas envolvidas nestes embates com suas culturas e religiões.

Como disse, não sei porque. Talvez o motivo tenha sido as maravilhosas histórias que meu pai me contava de sua infância no Cairo, onde ele tinha amigos judeus, cristãos e muçulmanos. E eu sempre me perguntei o que exatamente tinha quebrado estas amizades. Teriam elas sido realmente quebradas?

Adicionalmente, minha curiosidade cresceu com meu amor inexplicável pela cultura árabe. Adorava escutar o árabe, a comida árabe, a arquitetura árabe, a música árabe, a dança árabe e o cinema árabe. Em certo ponto, comecei a frequentar uma sinagoga de judeus marroquinos, bem árabe.

Eu tinha que descobrir mais sobre tudo isso. Depois de ir a Israel cinco vezes – a primeira delas por um ano inteiro – e nunca tido a chance de conhecer um muçulmano em um país repleto de pessoas da religião, eu tentei encontrar minhas respostas em outro lugar. Fiquei sabendo da Conferência Judaico-Muçulmana em Israel mesmo, em 2011, onde conheci um dos seus fundadores. Em 2013 me inscrevi. Em Junho eu estava em Sarajevo, um lugar que jamais sonhei que poderia conhecer um dia.

Sarajevo em si, uma cidade muçulmana, é incrível. O lugar e as pessoas. A realidade estava acontecendo! Eu finalmente poderia conhecer muçulmanos e conversar com eles, discutir nossos “problemas”. Até entrei no Comitê de Resolução de Conflitos. Até que descobri que nós, na realidade, nunca tivemos problema algum. Não nós, que estávamos ali. Nós não tínhamos problemas. Tínhamos soluções. Levamos estas soluções conosco, em nossos longos voos até a Bósnia. Nós possuíamos objetivos comuns, culturas muito parecidas a uma enorme paixão por estar lá, juntos. Também descobri que eu estava ali para fazer amigos. E amigos a gente não escolhe pela religião, pela cor ou por nada. Amizade é uma coisa que acontece. Então lá pelo segundo dia, a pergunta “… e você é judeu ou muçulmano?” simplesmente foi parando de ser feita. Depois de um tempo, com alguns hábitos culturais, nós sabíamos, é claro. Expressões em árabe ou hebraico, histórias sobre Israel ou Meca, alguns costumes religiosos ou símbolo em uma bijuteria, nós sabíamos. E não éramos somente judeus e muçulmanos. Éramos também budistas, cristãos, ateus e mais.

Conheci muitas pessoas legais em Sarajevo. Foi a viagem da minha vida, adquiri esperança e a resposta que estava procurando. Não existe um problema real. E com pessoas daquele tipo, é possível resolver os problemas inventados.

Foi quando conheci a Sarah. Uma menina marroquina, doce, linda e divertida. Adorável. Ela é mais nova do que eu e ama muito seu país, não conseguia parar de falar coisas legais sobre ele. Me levou algum tempo para entender se a Sarah era muçulmana ou judia. Seu nome me sugeriu que ela tinha alguma ascendência judaica – como de fato ela tem. Ela nunca usou o hijab. Na sexta, ela decidiu não ir na mesquita nem na sinagoga (nas quais, aliás, grupos de muçulmanos e judeus foram juntos para celebrar o Shabat e a Jumah). Mas, de fato, ela era muçulmana. Com um sotaque em inglês cativante. A Sarah foi embora de Sarajevo na sexta à noite, dois dias antes de mim, o que quebrou meu coração. Ela insistiu que fossemos visita-la no Marrocos.

É uma incrível benção poder conhecer pessoas do mundo inteiro, de culturas e passados muito diferentes. Pode-se dizer que viajo bastante e, se você me perguntar, não importa qual o objetivo da viagem, conhecer pessoas é sempre a melhor parte e o maior aprendizado. Mas é ao mesmo tempo muito triste, porque uma vez que os cursos ou as conferências que frequento terminam, sei que as chances de reencontrar a maioria delas são muito pequenas. E isso me deixa muito, muito triste.

Eu voltei de Sarajevo e comecei a realizar meu sonho de estudar árabe. Conheci minha professora antes de saber que ela era filha de mãe judia é pai muçulmano. Ambos eram comunistas e se conheceram na União Soviética. Se casaram e foram morar na Síria. Eu também voltei para um dos meus hobbies favoritos, a dança do ventre. Confesso que amo muito mais pela música.

Cerca de cinco meses se passaram, a Sarah e eu continuamos nos falando por facebook e por whats app. Fui aceita em um curso para professores no Yad Vashem, em Jerusalém. E, meio que do nada, pensei que seria uma grande oportunidade para parar em Marrakesh, ver minha amiga e conhecer um lugar novo. Então mandei uma mensagem pra ela: “Querida, você falou sério sobre eu ir para Marrakesh?”. E ela respondeu: “Claro! Você ficará na minha casa, venha quando quiser”. Então eu fui. Simples assim.

Sobre esta viagem, tenho muitíssimas coisas para falar. Marrakesh é incrível. Tudo, as pessoas, as casas e os prédios, as palmeiras, o chá, o souk, o trânsito caótico e a beleza. A gentileza do povo. Eu realmente fiquei com a Sarah, na sua casa, com a sua família e passei meus dias no Marrocos com os amigos dela. Este foi o ponto alto da viagem. Estar com todos eles.

Não consigo descrever a recepção que me fizeram – algo que é muito comum e não foi exclusivo para mim. Me senti em casa depois de dez minutos lá. Chorei quando fui embora uma semana depois, porque eu ia sentir muitas saudades daquelas pessoas.

Eu rezei com meu sidur na casa da Sarah todos os dias. Guardei o Shabat lá. Eles me fizeram comida kasher. E eles rezaram também. Tão lindo, tão tocante vê-los rezar. O mesmo amor por uma força superior que eu vejo em preces na sinagoga. Eu visitei os lugares sagrados deles e eles me levaram aos meus. A Sarah veio comigo a uma sinagoga incrível, onde todos foram muito receptivos e ninguém nos perguntou de onde éramos ou porque estávamos ali. As pessoas lá não faziam a menor ideia de que nós duas éramos uma menina judia e uma muçulmana.

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Os dias passaram rápido demais, enquanto eu escutava ao árabe e à música e apreciava as vistas. Os amigos dela (espero poder chamá-los de meus amigos agora) são demais. Alguns deles bebem, outros não. Alguns deles fumam, outros não. Alguns deles me perguntaram sobre a minha religião e quiseram saber o motivo dos judeus odiarem os muçulmanos. Ao que eu respondi que não odiamos. Nós continuamos conversando sobre isso até rirmos e concordarmos que somos iguais. Provavelmente a conversa mais valiosa que já tive em minha vida durante meus 28 anos.

Durante estes dias, naturalmente e uma vez mais esquecendo que eu era uma judia no meio de muçulmanos, nós conversamos sobre tudo. Sobre a vida, a faculdade, carreiras, a vida no Brasil, a vida no Marrocos, o amor contido na Torah e no Corão. Descobrimos que temos muitíssimas coisas em comum. A principal delas é que entendemos nossas religiões como símbolos e mensagens de amor. E que sim, há pessoas que usam elas para arruinar a beleza da vida com palavras de ódio. Mas, acredite ou não, estas pessoas são a minoria entre nós. Elas só tem mais dinheiro para investir em propaganda.

Então, tentando responder à pergunta do título, eu amo – e não prefiro – estar entre muçulmanos porque isso faz eu me sentir como um ser humano, assim como eles. Isso me faz esquecer que exista um problema. Eu amo estar com muçulmanos porque eles têm uma cultura incrível, pela qual sou apaixonada. É mais fácil para mim estar entre muçulmanos, porque eles são curiosos sobre minha religião e minha cultura e, ao mesmo tempo, não julgam meu judaísmo. Meu judaísmo pessoal é meio difícil de explicar. Está em todo lugar em mim. Na minha fé, na minha história, no meu trabalho, nos meus costumes, nos livros que leio. Não é puramente religioso, nem puramente tradicional. É tudo. Algo que, acredite ou não, muitos judeus não conseguem entender. Sim, é muito fácil para mim ser judia entre meus amigos muçulmanos.

Tenho muito a agradecer à Sarah por fazer parte da minha vida e me proporcionar o que foi a melhor experiência (toda nova experiência acaba sendo a melhor da minha vida). Tenho que agradecer a ela por me ensinar sobre amor, por compartilhar comigo sua família e seus amigos. E por me colocar em contato com a parte mais linda do meu judaísmo. Devo agradece-la, ainda, por me aceitar do jeito que sou: uma mulher mais velha do que ela, branca, loira, brasileira, judia, historiadora, filha de egípcios, uma pessoa apaixonada por Israel (e, me deixe ser clara, pela Palestina também). Obrigada, Sarah.

Quando deixei o Marrocos fui para Jerusalém. Lá tive dias incríveis também com um grupo da América Latina, judeus e não judeus. Nós estudamos sobre o Holocausto, somos professores. Percebemos, juntos, que tudo o que vimos é só mais uma prova que o ser humano deveria se dar a oportunidade de conhecer uns aos outros melhor. Preconceito pode nos levar a atos extremamente horríveis. E esta também foi a melhor experiência da minha vida. Agora eu sinto tanta falta destas pessoas também, e estou bem triste em pensar que temos poucas chances de nos encontrar novamente. Que a vida permita cruzarmos nossos caminhos de novo.

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Em Israel eu passei o Shabat com judeus observantes e não observantes. Com pessoas que não são judias também. Cantamos, alguns de nós rezaram, todos pudemos nos conhecer melhor. Foi um sábado maravilhoso. Depois de tudo, encontrei com alguns dos meus amigos. Religiosos, não religiosos, ateus – todos judeus. E me senti bem demais com todos eles também. Como escrevi anteriormente, o título foi mais para chamar sua atenção. Mas foi também uma tentativa de responder a pessoas que pensam que de alguma forma eu fiquei maluca em algum ponto da minha vida e comecei a andar com muçulmanos. Eles me perguntam: “por que você prefere estar com muçulmanos do que com judeus?”. Então eu lhes digo. Eu prefiro estar com pessoas. Mas pessoas que podem trazer algo para minha vida e para as quais eu possa acrescentar algo também. E espero que isso possa significar todo mundo. Inclusive quem me faz esta pergunta. Eu sei que estas pessoas me trouxeram a oportunidade de escrever este texto – quem sabe alguém vá ler. E eu espero que estas pessoas leiam e abram suas mentes e seus corações para o fato de que todos somos o mesmo. Que “amarás o próximo como a ti mesmo” significa o que significa. Não há pensamentos escondidos por trás. A Bíblia não está dizendo que próximo devemos amar. E se eu tenho alguma faísca bem pequena de sabedoria acumulada em 28 anos, deve ser que nós só podemos amar depois de conhecermos o outro. E só podemos conhecer nos esforçando, conversando e nos aproximando, de corpo e alma.

Sobre os amigos do meu pai lá do Egito, que escrevi logo no começo. Ao longo da vida, com a internet, eles conseguiram se encontrar pelo mundo inteiro. Todos estão na casa dos 70 anos. E agora eles se encontram uma vez por ano. Todos eles. Muçulmanos, judeus, cristãos e de todas as religiões. Nunca houve um problema.

Eu tenho uma frase favorita na religião. É parte da Ética dos Pais e diz o seguinte: “Quem é o sábio? Aquele que aprende de todo homem”.

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Esquecemos as crianças da Síria?

Segundo novo relatório elaborado por investigadores das Nações Unidas”, nos últimos três anos as crianças sírias têm sofrido com assassinato, tortura, abuso sexual, detenções e recrutamento obrigatório. Sem contar com a condição geral de seu país. O novo Documento foi apresentado para o “Conselho de Segurança” na semana passada, quando representantes do Governo sírio e da oposição se reuniram na Suíça, sob os auspícios da ONU. É o primeiro estudo realizado propriamente sobre as consequências do conflito que ocorre no país para as crianças e abrange o período de março de 2011 a novembro de 2013.

Embora as “Nações Unidas” tenham condenado publicamente tanto o Governo quanto a Oposição na Síria de graves violações às crianças, este foi o primeiro relatório entregue ao “Conselho de Segurança”. Segundo a análise, mais de dez mil crianças já foram assassinadas e muitas estão feridas ou desapareceram. Em sua declaração a respeito do assunto, o “Secretário Geral da ONU”, Ban Ki-moon pediu aos dois lados do conflito para que protejam os direitos infantis. Segundo ele, o sofrimento das crianças sírias é “indescritível e inaceitável[1].

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A respeito da taxa de estupro, na fase inicial do conflito, quando começaram a ocorrer as manifestações para a derrubada do presidente Bashar al-Assad, a maior parte da violência sexual contra as crianças no país foi cometida por membros do Exército, serviços de inteligência e milícias a favor do Governo. Após este período, com o aumento da luta armada, os grupos de oposição se tornaram mais organizados e passaram também a cometer um maior número de estupros em crianças.

Quando falamos aqui de violência sexual, não se refere somente ao ato de estuprar uma criança. Segundo o relatório entregue ao Conselho de Segurança”, crianças foram presas e detidas com adultos, mal tratadas e torturadas por forças do governo em campanhas de aprisionamento, que foram intensas ao longo de 2011 e 2012. Nestas situações, uma série de abusos sexuais ocorreram e, de acordo com o relato de testemunhas, a agressão em relação às crianças incluiu o espancamento com cabos de metais, chicotes e bastões de madeira e metal, choques elétricos nos genitais, violência sexual – estupros e ameaças de estupros – ameaça e simulação de execuções, privação de sono, queimaduras com cigarros, confinamentos em solitárias e exposição à tortura de parentes. As testemunhas ainda afirmam que este tipo de violência, incluindo a sexual, foi usada para forçar confissões ou pressionar algum familiar a se render.

Semana passada, em Genebra, o Governo sírio negou qualquer detenção de crianças. O vice-chanceler Fayssal Mekdad acusou as forças de oposição de sequestro, sumiço e assassinato de crianças. De acordo com os investigadores da ONU, não foi possível corroborar as alegações de violência sexual infantil por parte da oposição, por falta de acesso a informações necessárias[2].

Outro relato grave reportado pelo documento das Nações Unidas refere-se ao recrutamento – muitas vezes compulsório – de crianças por parte de organizações rebeldes. Dentre elas, o Exército Livre da Síria”, apoiado por muitos países do Ocidente. Grupos da oposição utilizam as crianças para posições de apoio e de combate, em sua maioria garotos entre 12 e 17 anos de idade. De acordo com o relatório, nos últimos três anos meninos desta faixa etária, principalmente, foram treinados e armados para combater ou para vistoriar checkpoints.

O relatório adiciona que muitas das adesões não forçadas aos grupos armados foram incentivadas pela perda de seus pais ou outros familiares. Além disso, a pressão por parte de parentes e comunidades, junto com a mobilização política que tomou o país, serviram de forte estímulo para o envolvimento de crianças ao “Exército Livre da Síria” e outros grupos filiados.

Os investigadores da ONU não reportaram ter encontrado documentos formais a respeito do recrutamento de crianças por parte das “Forças Armadas” do Governo. No entanto, foi relatado que tropas do Exército e grupos de milícia a favor do presidente Assad intimidaram e apreenderam jovens garotos para servir em checkpoints e em incursões armadas. Alguns destes jovens, abaixo dos 18 anos.

Ainda de acordo com a análise entregue às Nações Unidas”, milhares de crianças foram mortas, torturadas e mutiladas ao longo dos últimos três anos na Síria. Uma das grandes questões – se é que se pode enumerar questões frente à tamanha desgraça em pleno século XXI – é que este tipo de atrocidade não tem um único responsável. As crianças sofrem e morrem durante ataques aéreos por parte do Exército, protestos contra o atual Governo, por armas químicas e embates armados. A violência infantil é perpetuada pelos dois lados do conflito – Governo e grupos de oposição. Os investigadores afirmam, ainda, que possivelmente as organizações rebeldes realizaram uma série de execuções.

Muitas crianças também foram utilizadas como escudos humanos em choques entre os grupos conflitantes e centenas morrem pela fome e em decorrência da baixíssima condição de vida existente atualmente na maior parte do país.

As “Nações Unidas” não esclareceram quais os tipos de documentos ou os métodos utilizados pelos investigadores em tal análise. A representante especial de Ban Ki-moon para crianças e conflitos armados, Leila Zerrougui, irá atualizar diplomatas a respeito do relatório na próxima semana.

A compreensão de que esta é uma realidade atual e bem conhecida pelo cenário internacional é muito difícil. Enquanto mais de dez mil crianças já foram assassinadas na Síria – de forma brutal – e outras continuam sofrendo com exatamente as mesmas acusações trazidas por tal relatório da ONU, nada de efetivo está sendo feito por parte dos países que assistem a este cenário indescritível de desumanidade. Críticas são feitas, milhares de análises e artigos como este são escritos ao redor do mundo, mas as crianças e toda a população da Síria necessita urgentemente de atitudes mais enfáticas.

Diante do quadro, questiona-se até quando se estudará os genocídios, as guerras, os assassinatos em massa na história que nos assustam e não se aprenderá nada com isso? Pior, se deixará que eventos como estes – com suas especificidades – se repliquem no presente. Enquanto governantes da maior importância se limitam a repreender tanto Governo quanto Oposição, uma série de organizações não-governamentais em diversos locais têm se mobilizado para tentar auxiliar com ajuda humanitária e recursos primários. Porém, como tem sido ressaltado pela comunidade internacional, já é passada a hora de o mundo agir de fato e de forma oficial para que o massacre que acontece atualmente em relação a crianças, jovens, adultos e idosos – homens e mulheres – termine de vez. Os observadores passivos de um conflito estão fazendo uma escolha. Todos os países têm, hoje, responsabilidade pela situação na Síria.

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Imagem (Fonte):

http://worldnews.nbcnews.com/_news/2013/03/13/17294280-children-shot-at-tortured-and-raped-in-syria-report-says?lite

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.huffingtonpost.com/2014/02/04/un-report-syria-child-abuse_n_4725833.html

[2] Ver:

http://www.nytimes.com/2014/02/05/world/middleeast/at-least-10000-children-killed-in-syria-un-estimates.html?_r=0;

Ver também o “Relatório das Nações Unidas”:

http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N13/627/07/PDF/N1362707.pdf?OpenElement

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Ver ainda:

http://www.theguardian.com/world/2014/feb/05/syria-children-maim-torture-assad-forces-un

http://english.alarabiya.net/en/News/middle-east/2014/02/05/U-N-report-details-unspeakable-suffering-of-Syrian-children.html

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-26046804

http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2014/02/un-decries-child-abuse-syria-2014253588210756.html

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Nelson Mandela e o Mossad

Ontem, quinta-feira, dia 19 de dezembro, o jornal israelense Haaretz publicou em seu site online na versão inglesa o conteúdo de uma carta confidencial de 1962, escrita pelo MOSSAD e enviada ao Ministério das Relações Exteriores de Israel”, em JerusalémSegundo o documento,revelado pela primeira vez na publicação em questão, Nelson Mandela recebeu treinamento em armamentos e sabotagem por parte do MOSSAD na “Universidade Hebraica de Jerusalém”.

David Fachler, quem descobriu o documento, tem 43 anos, cresceu e se formou na “África do Sul” e, atualmente, vive na cidade israelense de “Alon Shvut”. De acordo com ele, se na época em questão o Governo sul-africano tivesse descoberto o envolvimento entre Mandela e o MOSSAD, o fato poderia ser prejudicial para as comunidades judaicas locais.

Nelson Mandela passou a atuar de forma clandestina em 1960. Dois anos depois, ele deixou a “África do Sul” na ilegalidade e visitou diversos países africanos, dentre elesEtiópiaArgéliaEgito e Gana. Durante a viagem, buscou se encontrar com líderes de países da África, bem como angariar apoio financeiro e bélico para o grupo armado do “Congresso Nacional Africano” (CNA).

De acordo com a carta revelada pelo jornal Haaretzdurante este período Mandela teve treinamento militar por parte de agentes do MOSSAD na Etiópia. Pode-se depreender, pelo conteúdo do documento, que tais agentes não estariam cientes da real identidade de Mandela.

A carta está datada como sendo do dia 11 de outubro de 1962, aproximadamente dois meses antes de Mandela ser preso na “África do Sul”. Ela foi remetida a três pessoas: aNetanel Lorch – chefe do “Escritório Africano no Ministério das Relações Exteriores”; ao Major General Aharon Remez – chefe de departamento do “Ministério de Cooperação Internacional” e primeiro comandante em chefe das “Forças Aéreas de Israel”; e a Shmuel Sibonembaixador israelense em “Addis Abeba”, entre os anos de 1962 e 1966.

O assunto da carta é Pimpinela Negra”, o apelido em inglês utilizado pela mídia sul-africana para Nelson Mandela. O codinome foi baseado no romance “Pimpinela Escarlate”, da Baronesa Orczy.

O documento descoberto por David Fachler indica que Nelson Mandela cumprimentou os homens do MOSSAD com a palavra shalom. Além disso, ele estava a par de questões sobre os judeus e Israel, dando a impressão de ser um intelectual. O agente do MOSSAD que escreveu a carta indicou que Mandela demonstrou grande interesse pelos movimentos políticos e militares clandestinos de Israel e o staff tentou atraí-lo para o movimento sionista. Foi feita uma anotação manuscrita na carta, referindo-se a outra correspondência enviada duas semanas depois, em 24 de outubro de 1962. A anotação explicita que o “Pimpinela Negra” era Nelson Mandela, anexando uma breve explicação sobre sua pessoa que fora publicada no jornal Haaretz na época em questão.

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Imagem (Fonte):

http://www.reuters.com/article/2013/12/15/us-mandela-obituary-idUSBRE9BE04V20131215

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Fonte consultada:

http://www.haaretz.com/news/features/.premium-1.564412#

Texto originalmente publicado em: http://www.jornal.ceiri.com.br/nelson-mandela-e-o-mossad/

Genebra II a ser realizada em janeiro de 2014

As Nações Unidas” (ONU) anunciaram nesta semana que uma Conferência pela paz na Síria será realizada em Genebra, em janeiro de 2014. A decisão foi tomada meses após o primeiro intuito de se realizar este evento, já que as partes envolvidas no conflito estão em desacordo a respeito da pauta a ser adotada e sobre quem deverá estar presente. Após muita discussão e com o esforço internacional, a data para a Conferência – já conhecida como “Genebra II” – foi estabelecida[1].

1

Na última quarta-feira, o Governo sírio confirmou publicamente que estará presente. Segundo relatório oficial, a delegação estará sob direção do presidente Bashar al-Assad. A principal demanda da oposição, no entanto, foi estritamente negada por parte do Governo. Os grupos que lutam no confronto para o término da presidência de Assad exigem que o atual presidente não tenha qualquer participação em um projeto político de transição democrática.

O “Ministro das Relações Exteriores”, Walid Muallem, foi quem realizou o pronunciamento à agência de notícias SANA, afirmando que expectativas para a renúncia de Assad não passam de ilusões. Segundo Muallem, a delegação que representará o governo tem como objetivo atingir os interesses do povo, primeiramente eliminando o terrorismo. Por terrorismo, o Ministro provavelmente se referia aos grupos de oposição[2].

Após a confirmação por parte do governo, o líder do principal grupo de oposição,Ahmad Jarba, confirmou que estará presente em Genebra II e afirmou que enxerga as conversações a serem realizadas como um passo para a transição da liderança. A “Coalizão Nacional Síria” já havia estabelecido condições para sua presença naConferência. Dentre elas, o grupo exige a instalação de corredores humanitários e a soltura de prisioneiros políticos.

Na última quarta-feira à noite, Jarba reafirmou sua participação, reiterando que aCoalizão Nacional Síria” rejeita qualquer papel político por parte de Bashar al-Assadna transição que deve ser adotada[3].

Os esforços internacionais têm sido grandes pela realização da Reunião em Genebra.Irã e Turquia, que se encontram em lados opostos em relação ao conflito na Síria, se juntaram em pedidos de que um cessar fogo seja adotado no país antes das conversações de paz serem realizadas em janeiro. O “Secretário Geral da ONU”, Ban Ki-moon, declarou que “Genebra II objetivará o estabelecimento de um Governo de transição com plenos poderes executivos[4].

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Imagem (Fonte):

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-24628442

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.cnn.com/2013/11/25/world/meast/syria-civil-war/

[2] Ver:

http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2013/11/assad-regime-says-no-surrender-power-20131127104615147136.html

[3] Ver:

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-25133823

[4] Ver:

http://www.reuters.com/article/2013/11/27/us-syria-crisis-turkey-iran-idUSBRE9AQ0ND20131127

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

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Carta escrita por Mohamed Morsi afirma que o ex-presidente foi sequestrado e retido à força antes de ser deposto

Na última quarta-feira, dia 13 de novembro, o presidente deposto do Egito,Mohamed Morsi, deu pela primeira vez sinal de sua situação desde o golpe que o depôs do poder em julho deste ano. As notícias do Ex-Presidente vieram através de uma carta lida por seu advogado, Mohamed Damati, na televisão egípcia. Soube-se muito pouco sobre o paradeiro e a situação de Morsi desde que ele foi tirado do poder e a carta lida por Damati afirma que Morsi foi sequestrado pela “Guarda Republicana” um dia antes do golpe[1].

Segundo o relato da carta, supostamente escrita pelo líder da “Irmandade Muçulmana do Egito”, Guarda Republicana – grupo militar de elite que protege o palácio presidencial e outras instituições governamentais – sequestrou Mohamed Morsi no dia 2 de julho e o manteve à força em uma Base Naval”. O Exército anunciou a deposição de Morsi no dia 3 de julho. Desde que o general Abdel Fattah Al-Sisi assumiu o governo de transição e declarou planos para futuras eleições, quase nada foi informado a respeito do paradeiro e das condições do Ex-Presidente egípcio.

2

Morsi apareceu pela primeira vez após sua deposição no dia 4 de novembro, em julgamento relacionado a acusações de incitação da violência e assassinato de manifestantes que protestavam em frente ao palácio presidencial em dezembro de 2012.Damati afirmou que Morsi ainda se recusa a reconhecer a Corte que o está julgando – a mesma onde o presidente anterior a ele, Hosni Mubarak, também está sendo julgado sob acusações semelhantes. Se Mohamed Morsi for condenado, ele pode receber pena de morte ou prisão perpétua[2].

A deposição Morsi foi requerida por manifestações massivas em junho e julho de 2013.Ele foi acusado por parte da população de manter um governo autocrático, islamita e sem liberdade de expressão, sendo prejudicial ao Egito de diversas formas, especialmente a econômica. Sendo a figura à frente da “Irmandade Muçulmana”, que representou por décadas a principal oposição ao governo de Hosni Mubarak, Morsi também possui grupos significantes de apoiadores que ficaram insatisfeitos com o movimento militar, alegando que a retirada do Ex-Presidente do poder foi um ato antidemocrático.

Desde julho, a tensão entre a Irmandade Muçulmana e as Forças Armadasaumentaram significativamente, gerando confrontos violentos pelo país. A “Irmandade Muçulmana” conseguiu maioria de votos em todas as eleições democráticas realizadas após a renúncia de Hosni Mubarak. Centenas de membros do grupo foram assassinados e milhares presos, inclusive seus principais líderes. Em setembro, após a queda de Mohammed Morsi, a organização islamita foi banida e teve seus bens confiscados pelo tribunal egípcio[3].

A carta escrita por Morsi e lida por seu advogado é a primeira manifestação pessoal do Ex-Presidente acerca dos acontecimentos que se desenrolaram no país desde julho.

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Imagem (Fonte):

http://www.jpost.com/Middle-East/Egypts-Morsi-says-he-was-kidnapped-before-being-removed-by-army-331597

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.haaretz.com/news/middle-east/1.557822

[2] Ver:

http://worldnews.nbcnews.com/_news/2013/11/04/21302725-why-deposed-egypt-president-morsis-trial-is-so-important

[3] Ver:

http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2013/11/egypt-court-upholds-muslim-brotherhood-ban-2013116101936365849.html

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

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Conferência sobre resolução da crise na Síria a ser realizada em Genebra continua sem data marcada

A atual guerra civil na Síria teve início com revoltas pacíficas contra o governo em março de 2001. Com mais de dois anos e meio de duração, o conflito já resultou em um número superior a 100 mil mortos. Em maio de 2013, surgiu pela primeira vez a ideia de uma reunião em Genebra para se chegar a alguma resolução diplomática e, em setembro, o “Secretário Geral das Nações Unidas”, Ban Ki-moon, anunciou uma data provisória para a realização da conferência em questão, que deveria acontecer em meados do atual mês de novembro.

Arab League-United Nations envoy Brahimi pauses during a news conference on the situation in Syria at the UN in Geneva

Esta semana, o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, declarou que a data para o encontro planejado em Genebra terá que ser adiada. Seu anúncio foi feito após um dia de reuniões com diplomatas. Uma das principais questões que funciona como um obstáculo para a realização do evento é a recusa da oposição a respeito da presença do atual presidente sírio, Bashar al-Assad, ou de algum de seus representantes. Assad, por sua vez, afirma que qualquer resolução para a Síria só pode ser atingida se a ajuda externa enviada a forças da oposição para armamentos for finalizada[1].

Brahimi discutiu a situação da Síria nesta última terça-feira em Genebra, encontrando-se com enviados dos “Estados Unidos” (EUA) e Rússia, além dos outros três membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU”, Grã-Bretanha, França e ChinaAs conversações diplomáticas também envolveram os países vizinhos à Síria – Turquia, Irã, Jordânia e Iraque. No encontro, ainda, oficiais do “Comitê Internacional da Cruz Vermelha” e de agências de ajuda humanitária da ONU chamaram a atenção para a gravíssima situação social da população síria, que enfrenta problemas de saúde, pobreza e fome, além do alto índice de mortos e refugiados[2].

Dentre os desentendimentos acerca do acerto de uma data para a conferência em prol da resolução do conflito, agora também encontra-se a possível participação do Irã. Sergei Lavrov, “Ministro das Relações Exteriores da Rússia”, reiterou que todos os atores que influenciam a situação devem estar presentes, inclusive o Irãe não somente os países árabesAhmad Jarba, presidente daCoalizão Nacional Síria – principal grupo da oposição ao governo de Assad – declarou que a organização se recusa a estar presente caso o governo iraniano faça parte da conferência[3].

A forte influência da Rússia e do Irã no cenário político da Síria tem sido caso de discussão internacional nos últimos meses, bem como o apoio fornecido por estes países ao governo de Bashar al-Assad. Sergei criticou fortemente a posição de Jarba e afirmou que não devem haver pré-condições para a realização de “Genebra 2”.

Lakhdar Brahimi falou que o adiamento da data prevista já era de se esperar, porém o “Secretário Geral da ONU” encontra-se impaciente pela realização do encontro. A situação no país continua a piorar altamente para a população local. Atualmente, cerca de 6 mil pessoas deixam o país todos os dias.

A “Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenadora de Ajuda Humanitária das Nações Unidas”, Valerie Amos, declarou ao “Conselho de Segurança” que a crise na Síria continua a se deteriorar rápida e inexoravelmente”. No momento, aproximadamente 9,3 milhões de pessoas, cerca de 40% da população local, está necessitando de assistência internacional[4].

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Imagem (Fonte):

http://www.reuters.com/article/2013/08/28/us-syria-crisis-brahimi-idUSBRE97R0EW20130828

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 Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.un.org/sg/offthecuff/index.asp?nid=3162

[2] Ver:

http://www.un.org/sg/spokesperson/highlights/

 [3] Ver:

 http://www.haaretz.com/news/middle-east/1.556403

 [4] Ver:

https://docs.unocha.org/sites/dms/Documents/25%20Oct%2013%20Valerie%20Amos%20Statement%20to%20Security%20Council%20on%20Syria.pdf

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

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Erdogan aconselha Hamas a não se aproximar do Egito ou do Fatah

Segundo o jornal israelense Haaretz, o jornal egípcio Al-Ahram teria reportado na última segunda-feira (21 de outubro)que o Primeiro-Ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, aconselhou o Hamas a não apresentar claras intenções em relação ao governo egípcio ou a uma reconciliação com o Fatah, partido palestino no governo da Cisjordânia. Segundo o Haaretz, o relato foi baseado em fontes palestinas[1].

Turkey's Prime Minister and leader of ruling Justice and Development Party Erdogan welcomes his guest Hamas leader Meshaal during the AKP congress in Ankara

Ismail Haniyeh (Primeiro-Ministro palestino em Gaza) e Erdogan teriam conversado ao telefone na noite da sexta-feira da semana passada, dia 18, véspera do aniversário em que o soldado israelense mantido em cativeiro pelo Hamas, Gilad Shalit, foi trocado por 1.021 prisioneiros palestinos mantidos em cadeias israelenses. Na ocasião, estava marcado um discurso público de Haniyeh. Segundo o jornal Haaretz, os dois governantes conversaram sobre o conteúdo do discurso e Erdogan teria persuadido o “Primeiro-Ministro do Hamas” a realizar algumas modificações relacionadas à reconciliação com o Fatah e o reconhecimento do atual governo do Egito. Esta última medida implicaria em tensão com a “Irmandade Muçulmana”.

De fato, em seu discurso no sábado, Haniyeh falou do Fatah e do Egito em termos gerais, sem tocar em detalhes ou planejamentos. Ele mencionou a necessidade de terminar as divisões internas na sociedade palestina para confrontar com mais eficácia os perigos das negociações com Israel. Mas não forneceu nenhum indicador de como esta reconciliação deveria ser efetuada. Em relação ao Egito, Haniyeh havia demonstrado anteriormente a intenção de acalmar a situação entre o país e o Hamas, que se encontra bastante tensa. Mas, em seu discurso, no entanto, declarou apenas que não se envolveria em assuntos políticos internos do governo egípcio[2]. 

Partido da Justiça e Desenvolvimento” (AKP) da Turquia, do qual Erdogan está à frente, negou na última quarta feira (dia 23) qualquer conversa ou influência sobre o Hamas para o website Al Monitor”. Segundo a AKP, o governo israelense está por trás da publicação, com intenções de prejudicar a Turquia e o Hamas.

O partido de Erdogan se surpreendeu pela citação do jornal egípcio “Al-Ahram” e disse que seria pouco provável o envolvimento do Egito em uma campanha contra a Turquia.As relações entre Ancara e o Cairo se desgastaram em grande escala após o golpe militar que depôs o ex-presidente Mohamed Morsi do poder no Egito[3].

Ainda de acordo com o “Al Monitor”, fontes superiores na embaixada da Palestina em Ancara afirmaram que suas investigações não encontraram nada que confirme as informações do artigo publicado no Haaretz.

A aproximação entre o Hamas e o governo de Erdogan na Turquia tem se tornado visível e crescente nos últimos meses e ficou bastante clara com a visita de Khaled Meshal, líder político do Hamas, à capital turca no começo de outubro. A visita foi entendida por analistas como uma tentativa de amenizar o isolamento no qual se encontra o partido palestino que governa a “Faixa de Gaza”.

Desde que Mohamed Morsi, da “Irmandade Muçulmana”, foi deposto no Egito, oHamas encontra sérias dificuldades. Além de ter sido acusado de colaborar com a oposição do atual governo egípcio, os túneis que levam suprimentos do Sinai paraGaza estão sendo destruídos pelas “Forças Armadas” egípcias e a fronteira entre as duas regiões é fechada constantemente. Além disso, no momento, o Hamas encontra uma deterioração em seus laços com seus apoiadores regionais como a Síria, oHezbollah e o Irã, enfrentando um significativo declínio econômico[4]. 

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Foto (Fonte):

http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/02/hamas-leader-khaled-meshaal-secret-turkey-visit.html

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.haaretz.com/news/middle-east/.premium-1.553634#

[2] Ver:

http://uk.reuters.com/article/2013/10/19/uk-palestinians-hamas-idUKBRE99I04V20131019

[3] Ver:

http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/10/turkey-defends-hamas.html

[4] Ver:

http://www.jpost.com/Diplomacy-and-Politics/Turkish-PM-Erdogan-hosts-increasingly-isolated-Hamas-leader-Mashaal-in-Ankara-328176

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

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Refugiados da Guerra na Síria: número crescente e condições alarmantes

Desde março de 2011, que marcou o início das manifestações pela deposição do atual presidente Bashar al-Assad, a Síria adentrou em uma grave situação de “Guerra Civil”. Com grupos divergentes e o governo que ainda se mantém no poder lutando contra a oposição, o país tornou-se um local perigoso e sangrento para seus habitantes. Até o momento, mais de 1,7 milhões de pessoas foram registradas como refugiadas, acreditando-se que os números não documentados sejam ainda maiores[1].

5Os refugiados se dirigem para uma série de países. Os que mais receberam pessoas fugindo da violência até o momento são o Líbano, a Jordânia e a Turquia.Na Jordânia, a aproximadamente 12 km da fronteira síria, foi construído o segundo maior campo de refugiados, o Zaatari”. O campo deZaatari existe há pouco mais de um ano e atualmente representa a quarta maior cidade jordaniana.

Ele recebe cerca de duas mil pessoas todos os dias, contendo 30 mil abrigos, três hospitais, algumas escolas e todo um setor de serviços. A vida no campo, no entanto, é bastante difícil, sendo a segurança o maior problema. As mulheres são um dos principais alvos de violência e a condição social é muito baixa. “Zaatari” é mantido por uma parceria entre o governo jordaniano e a “Agência das Nações Unidas para Refugiados” (ACNUR)[2].

Fora de campos, nas cidades dos países que os abrigam, os refugiados da Síria encontram outras dificuldades. Uma das crescentes tem sido a tensão com os moradores locais. Trabalhadores na Jordânia e no Líbano reclamam que estão perdendo seus empregos, já que os sírios foragidos aceitam trabalhar por muito menos. Outra contestação é que estão sendo despejados de apartamentos, uma vez que grupos de refugiados da Síria se organizam para morar em conjunto, podendo juntar um valor maior para o aluguel do que uma única família local[3].

No Líbano, ainda, está crescendo o trabalho infantil de crianças sírias. Segundo a diretora local do “Fundo das Nações Unidas para a Infância” (UNICEF), Maria Calivis, é um fenômeno preocupante, já que o número de refugiados cresce altamente e as pessoas que chegam estão cada vez mais destituídas. Além do trabalho de crianças nas cidades como Beirute, de engraxates ou vendedores, no campo elas são contratadas em grupos e as funções são altamente perigosas. Elas utilizam facas e outros instrumentos de colheita, além de serem mal tratadas por inspetores[4].

Esta semana, ainda, Anistia Internacional afirmou que no Egito as autoridades estão mantendo centenas de refugiados sírios em condições deploráveis, dentre eles crianças pequenas. De acordo com a “Anistia Internacional”, algumas destas pessoas estão sendo acusadas de apoiarem a “Irmandade Muçulmana” e agirem como cúmplices em atos políticos violentos no país. Segundo Sherif Elsaed Ali, chefe de direitos de refugiados e migrantes da “Anistia Internacional”, o governo egípcio tem a obrigação de oferecer proteção a qualquer indivíduo foragido do conflito na Síria em busca de um local seguro, mas, no momento, o país está descumprindo enormemente com seus deveres internacionais de proteção de refugiados. Ao invés de oferecer ajuda vital e apoio, as autoridades do Egito estão prendendo e deportando os refugiados sírios. Até o momento, o governo egípcio não respondeu às acusações[5].

A “Organização das Nações Unidas” (ONUestima que mais de oito milhões de pessoas serão forçadas a sair de suas casas na Síria até o final de 2014 e o número de refugiados do país pode chegar a mais de cinco milhões.

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Imagem (Fonte):

http://www.bbc.co.uk/news/world-24229079

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://data.unhcr.org/syrianrefugees/regional.php

[2] Ver:

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23801200 

[3] Ver:

http://www.bbc.co.uk/news/world-23813975 

[4] Ver:

http://unicef.tumblr.com/page/2 

[5] Ver:

http://www.egyptindependent.com/news/amnesty-international-egypt-detains-hundreds-syrian-refugees 

[6] Ver:

http://worldnews.nbcnews.com/_news/2013/10/07/20855751-un-more-than-5-million-syrian-refugees-by-end-of-2014

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

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