Rodrigo Baumworcel

  • RSS for Rodrigo Baumworcel
  • Mail
Criado em uma casa judaica laica e no ambiente comunitário e secular do Movimento Juvenil Hashomer Hatzair, RODRIGO BAUMWORCEL cria seu interesse de estudar mais a fundo a sociedade israelense a partir da sua primeira estadia em Israel no ano de 2008. Atualmente em seu ultimo ano do Bacharelado de Ciências Sociais na UFRJ, estagia como pesquisador bolsista na Fundação Casa de Rui Barbosa e também na Escola Eliezer Steinbarg Max Nordau em áreas relacionadas ao Sionismo e à Política Israelense.

Posts recentes no blog escrito por Rodrigo Baumworcel

Reflexões dinâmicas, escritas em Israel

Minha vinda a Israel se construiu a partir de uma indicação para um Seminário Internacional de Diálogo entre Educadores para Israel. Hoje, no meu último dia de estadia nesse país, posso afirmar que os quatro conceitos básicos trabalhados ao longo do seminário – Educação, Israel, Identidade, e Judaísmo – também perpassaram meus dias fora do Seminário. Nesse sentido, esses conceitos deixaram de ser definições estáticas e passaram a ser reflexões dinâmicas, que dão a possibilidade de ser mexidas e remexidas, com o intuito quebrar o “lugar em que temos razão” e dar a oportunidade de “flores crescerem”¹.

Primeiro, gostaria de refletir sobre a educação. Ao lidar com a educação, não me refiro exclusivamente ao processo escolar, mas sim à formação constante de relações entre um ou mais seres humanos, que representam sua comunidade a partir de uma vida escolhida e construída, na qual ambos alteram a sua percepção de mundo. Nesse sentido, me parece que a educação sobre Israel, sobre Identidade, e sobre Judaísmo está sendo deixada para trás, e no seu lugar está aparecendo a busca pela informação e pela opinião imediatista. Os jornais, detentores de um poder de compartilhamento de informação, assim como o Facebook, plataforma pessoal de compartilhamento de opiniões, aparecem nos difíceis dias de conflito como impulsionadores de uma polarização. Ou se é a favor de Israel, ou dos Palestinos. Ao pensarmos dessa maneira a educação é jogada no lixo. É preciso colocar luz naqueles que questionam os números de mortos se não aparecem nas pesquisas os mortos do outro lado, é preciso colocar luz naqueles que buscam entender os interesses políticos e econômicos dos seus próprios líderes governamentais, é preciso colocar luz naqueles que exibem seu humanismo sem medo de serem considerados traidores do seu próprio povo.

Nesses dez dias que passei aqui, a minha percepção é que Israel está dividida em 3 regiões que lidam de maneira diferente com o conflito, e que para além do território israelense, os moradores de Gaza estão no inferno.

Jerusalém

A região de Jerusalém foi a primeira região que eu tive contato. Essa região é única, pois é uma região de “Fanáticos”². Foi em Jerusalém que, após o descobrimento que os três jovens judeus sequestrados na região de Hebron³ estavam mortos, seis jovens judeus colocaram fogo em um palestino. A partir disso, a cidade se tornou um território de luta política e social entre grupos que acreditam no Diálogo como solução e outros que acreditam na violência. Participei em uma caminhada contra a violência, contra os racistas, e contra a definição de que palestinos e israelenses são, necessariamente, inimigos. Ao longo dessa passeata, a quantidade de gente que vinha discordar de nós e gritar contra os palestinos foi assustadora, como vocês podem ver no link de um filme que fizeram. Além disso, Jerusalém*4 também esta sofrendo com os Alarmes, que tocam para avisar a necessidade de chegar em um lugar protegido, em um minuto e meio. Nesse quesito, Jerusalém se iguala com a região central do país e parte da região norte.

Região central

As pessoas das áreas que estão sendo atingidas por foguetes tem plena confiança em um sistema ultra-teconológico (e diga-se de passagem que custa milhões de dólares) desenvolvido por Israel, que calcula a rota e envia um míssil para destruir os foguetes. Com essa confiança ontem eu acordei ao escutar um alarme e me distanciar das janelas do apartamento, que estou em Tel Aviv, para esperar o barulho do míssil encontrando o foguete. A vida das pessoas nessas regiões não se alteram, e é por isso que a minha divisão incluiu a região do Sul como uma região específica.

Região Sul

Não me motiva compartilhar quantos foguetes já caíram nessa região, mas, por causa da ordem de grandeza desse número a vida das pessoas que lá se encontram parou. Agora, em Israel, é época das Férias de Verão, mas, se seus filhos tem quinze segundos (pela proximidade geográfica, lá o tempo é menor) para alcançar um local seguro e a cada dez minutos (ou menos) soa o alarme, aonde eles irão passar seus dias livres? No bunker. É assim que os moradores do Sul de Israel enfrentam seus dias e temem suas noites.

Gaza

Por fim, uma realidade que não há palavras para entender: a realidade de Gaza. Os moradores de lá não contam com um governo que os proteja e que gaste dinheiro com uma estrutura de proteção, os moradores de lá estão sob domínio do Hamas. Pior do que uma sociedade onde é cada um por si, é uma sociedade em que os fanáticos que estão no poder te colocam no meio de um conflito no qual quem perde a vida é você. Os moradores de Gaza perdem suas vidas por serem vítimas do Hamas, e a comparação entre o número de mortos lá e em Israel não é um argumento que eu utilizarei. A perda de vidas inocentes deve ser rechaçada, a utilização de uma estratégia militar para solucionar o conflito deve ser criticada, não importa a onde for. Se hoje eu acordei com a música de pássaros cantando e consigo acreditar que a paz está por vir, eu não consigo imaginar como os moradores de Gaza acordaram, será que eles conseguiram dormir?

Considerações finais

Vivendo em um mundo pós-moderno, no qual a tecnologia alcançou níveis antes inimagináveis, no qual a globalização alterou sem volta a nossa capacidade de nos conectar, no qual já não existe economia desligada do que acontece no outro pólo do mundo, no qual artistas são interurbanos, interestaduais, internacionais, é preciso voltarmos a nos identificar como seres humanos. Ao nos distanciarmos das polarizações que só existem nos contos de fadas, nos aproximamos de uma complexidade difícil de entender, que dá trabalho compreender, e que talvez seja impossível absorver. Assim, faz sentido os conhecimentos judaicos na procura por uma estabilidade na raíz e não na riqueza de seus frutos , e também os ensinamentos judaicos*5 de que ao tratar o outro como você gostaria de ser tratado*6, há a abertura para um diálogo entre Eu e Tu*7, e apenas assim a sinceridade de opiniões pode construir um futuro melhor.


1 Expressões do Poema de Yehuda Amichai “Do lugar em que temos razão”.

2 Expressão de Amós Oz “Between Right and Right: How to deal with Fanatics”.

3 http://www.conexaoisrael.org/olho-por-olho/2014-07-02/claudiodaylac

4 http://www.conexaoisrael.org/nao-passarao/2014-07-11/marcos

5 Pirkei Avot, Capítulo 3, Versículo 17: “Rabi Elazar ben Azaria disse: Se não há Torá, não há conduta social adequada; se não há conduta social adequada, não há Torá. Se não há sabedoria, não há temor [a Deus]; se não há temor [a Deus], não há sabedoria. Se não há conhecimento, não há entendimento; se não há entendimento, não há conhecimento. Se não há farinha [sustento], não há Torá; se não há Torá não há farinha. Ele costumava dizer: A pessoa cuja sabedoria excede suas [boas] ações, a que ele é comparado? A uma árvore cujos galhos são numerosos porém suas raízes são poucas, e o vento vem, arranca-a e vira-a de cabeça para baixo, conforme foi dito: E será como árvore solitária em terra árida e não verá quando chega o bem; habitará em terra seca no deserto, em salina inabitável. Mas aquele cujas [boas] ações excedem sua sabedoria, a que ele é comparado? A uma árvore cujos galhos são poucos mas cujas raízes são numerosas, de modo que mesmo que viessem todos os ventos do mundo e soprassem sobre ela, não conseguiriam movê-la de seu lugar; conforme foi dito: E ele será como uma árvore plantada junto às águas, que estende suas raízes até a correnteza, não sentirá a chegada do calor, e sua folhagem será rejuvenescida; no ano de seca não se preocupará, nem deixará de dar fruto.”

6 Levítico, Capítulo 19, Versículo18: “(…) amarás o teu próximo como a ti mesmo. (…)”

7 ” A palavra-princípio EU-TU só pode ser proferida pelo ser na sua totalidade. A união e a fusão em um ser total não pode ser realizada por mim e nem pode ser efetivada sem mim. O EU se realiza na relação com o TU; é tornando EU que digo TU.” Buber, Martin. Eu e Tu. Editora Moraes, 1974. São Paulo.

Texto publicado originalmente no site Amaivos.

Shulamit Aloni (1928, 2014)

Shulamit Aloni não foi a primeira mulher a se alistar no Palmach. Shulamit Aloni não foi a primeira mulher a participar ativamente da construção das futuras gerações através da educação. Shulamit Aloni não foi a primeira mulher a participar do Knesset. No entanto, Shulamit Aloni participou de todas essas etapas da história de Israel de um modo responsável e coerente. Uma mulher que desde o início de sua vida entendeu o poder do comprometimento pessoal com os outros, a fim de construir um futuro de paz. Ao mesmo tempo, Shulamit Aloni foi exemplo de educadora e modelo para os que creem nos direitos humanos.

Shulamit AloniAcreditar na auto-determinação dos povos fez com que Shulamit Aloni conquistasse a Guerra de 1948. A crença universal no legado de paz e confiança inspirou Shula, como era conhecida, a lecionar em uma escola de imigrantes logo após a Guerra. A responsabilidade cidadã que colocava em prática com seu trabalho lhe deu forças para lutar pela inserção de “Estudos Civis” nos currículos escolares israelenses. Sua fé inabalável no judaísmo como um aglomerado de religião, filosofia e cultura a transformou numa professora de fontes judaicas.

Em sua carreira política, Shulamit Aloni deixou todas suas crenças expostas. Devido a isso, adquiriu inimigos e muitos amigos. Uma mulher que impôs, politicamente, a sua vontade de lutar contra a desigualdade de gêneros num país onde o exercito é uma grande força social, que buscou viver e deixar com que os outros vivessem de acordo com a sua própria percepção de judaísmo em um país que até hoje busca o significado de Estado Judeu, a Aloni membro do Knesset de 1968 até 1996 criou um legado.

Legado esse que, coincidentemente, está presente no dia de hoje, 27 de janeiro de 2014 – Dia Internacional de Memória do Holocausto. Ao colocarmos nosso passado e nossa realidade expostos de maneira responsável frente aos alunos construímos um futuro comprometido. Assim como o Holocausto não será esquecido, pois é um assunto providencial em qualquer currículo escolar que busque tratar de direitos humanos, Shulamit Aloni mostrou que a sala de aula é o campo no qual é semeado cidadania, respeito pelo próximo e coexistência religiosa. Não foi a toa que Itzhak Rabin depositou sua esperança na construção do currículo das escolas israelenses, durante seu mandato de transformação política, em Shulamit Aloni.

Enfim, aprendemos com Shulamit Aloni que a sala de aula é o espaço sagrado para dessacralizar tudo que nos torna humanos, diferentes e responsáveis. Como educadora, inspirou judaísmo, como política, demonstrou o poder de suas palavras, como mulher, batalhou, e no dia 24 de janeiro de 2014 faleceu deixando um legado humanitário.

Itzhak Rabin (1922, 1995)

Quando falamos de Itzhak Rabin, falamos da história de Israel, pois sua vida, que durou 73 anos, está totalmente conectada com a os caminhos trilhados pelo país. Como todo israelense, sua ligação com a vida pública começou durante o serviço militar; no seu caso, em 1941, quando se juntou ao Palmach. A partir daí, seus desejos, sua pró-atividade e suas ordens passam a influenciar diretamente o futuro Estado de Israel.

Qual sentido de nos reunimos para lembrar a vida de Rabin no dia da sua morte? Fazemos isso com Rabin e com todos aqueles que prestamos homenagens, pois no aniversario de nascimento, a identidade e o caráter da pessoa ainda não estava formado; é apenas após toda sua vida que podemos ter certeza sobre qual pessoa iremos homenagear.

Prestamos essa homenagem a Rabin porque podemos analisar toda sua vida, sua atitude em diversas situações, sua identidade flexível e seu caráter irrepreensível. Não analisamos apenas sua conduta no Palmach, nem apenas sua conduta como ministro do trabalho; muito menos podemos pinçar seu primeiro ou segundo mandato como primeiro ministro; contudo, ao olhar para o conjunto de interferências da sua vida com o Estado de Israel, temos a certeza de homenagear um grande líder, que não é admirado somente por nós, mas por todo o mundo. Como exemplo, trouxe trechos de alguns discursos sobre Rabin, declamados por líderes árabes e israelenses.

Ezer Weizmann, presidente de Israel de 1993 a 2000, falou:

“Representatividades de 80 países, reis, chefes de Estado e ministros do mundo todo vieram hoje prestar respeito a Itzchak Rabin. (…) Eles vieram, primeiro e antes de tudo, para honrar Rabin, mas tenho a certeza que ele gostaria de saber, e que ele sabe, que também estão para honrar o Estado de Israel. O Estado de Israel que mudou, e ainda tem um longo caminho pela frente, mas um Estado de Israel que hoje tem maior aspiração pela paz do que pela guerra”.

Hosni Mubarak, presidente do Egito entre 1981 e 2011, falou:

“Seus sinceros esforços para alcançar a paz no Oriente Médio, são testemunhas de sua visão, que nós compartilhamos, com objetivo de acabar com o sofrimento de todos os povos da região”.

Shimon Peres, em seu discurso, ressaltou:

“Ser um capitão não é uma tarefa fácil. Sinceridade era sua segunda característica nata; responsabilidade, sua primeira. Essas duas qualidades fizeram de você, Rabin, um raro líder, capaz de mover montanhas, de designar um objetivo e alcança-lo. (…) Na sexta feira anterior ao sábado de sua morte, você me chamou para ressaltar a dificuldade do caminho que tinha pela frente, mas falou na obrigação que temos com a paz”.

O Rei Hussein, da Jordânia, disse para que Rabin “viveu como soldado”. Ainda segundo ele,

“Você, Rabin, morreu como um soldado pela paz, e eu acredito que chegamos no tempo em que devemos abertamente lutar pela paz”.

Por fim, cito Yasser Arafat, que em seu discurso ao ganhar o Prêmio Nobel da Paz, afirmou:

“Tenho certeza que esse prêmio não foi concedido a mim e aos meus parceiros Sr. Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro israelense, e Sr. Shimon Peres, o ministro das Relações Exteriores, para coroar uma conquista, mas como um encorajamento a prosseguir um caminho com passos maiores e mais profundos de sensibilização, com intenções mais verdadeiras para que possamos transformar a opção de paz, a paz dos bravos, a partir de palavras em prática e realidade e para que sejamos dignos de carregar encaminhar a mensagem que nos foi confiada pelos nossos povos, bem como a humanidade, e um dever moral universal”.

“A coexistência deve estar presente no modo como sentimos, pensamos e realizamos o nosso judaísmo”

No Brasil dos dias atuais, com manifestações, passeatas e uma população cada vez mais interessada em participar politicamente a questão da representação está cada vez mais complicada, e em alguns casos até perigoso. Aproveito para agradecer desde já a possibilidade e o desafio de representar a parcela jovem da comunidade judaica diante de todos vocês que acreditam no Diálogo e na Coexistência. Vou tentar dar voz a todos aqueles que trabalham para criar uma comunidade integrada com os ideais judaicos de TIKUN OLAM (transformação do mundo) e TIKUN ADAM (transformação do homem).

Como membro jovem da comunidade judaica do Rio de Janeiro sinto que é meu dever abranger a maior quantidade possível de aspectos que o judaísmo compreende. Contudo, não serei leviano em tentar definir a totalidade do judaísmo e também não permanecerei apenas com uma perspectiva judaica. Nesse sentido, optei por utilizar todo o sistema de pensamento judaico (religioso, cultural, social, e nacional) através da divisão do sentir, pensar e realizar.

0066

Representantes das religiões judaica, católica e muçulmana.

Peço a permissão de vocês para parafrasear Ghandi, e afirmar que: “O DIÁLOGO NÃO É UM OBJETIVO, O DIÁLOGO É O MEIO PARA ALCANÇAR O NOSSO OBJETIVO”. Assim como meus companheiros muçulmanos e católicos, nessa jornada que começa com esse evento, me comprometo com essa ideia e com as mais profundas consequências dessa mensagem. A COEXISTÊNCIA deve estar presente no modo como sentimos, pensamos e realizamos o nosso judaísmo.

Para amparar o nosso sentimento contamos com as ideias de Martin Buber – um grande orientador (madrich) para todos aqueles que priorizam a relação e o relacionamento. Para Buber a união e a fusão da relação EU-TU não pode ser totalizada por mim, e não pode ser efetivada sem mim. O amor é a única forma de se relacionar que pode compreender a totalidade do ser, de mim e do outro. Dessa maneira, o sentir deve estar presente em todos os encontros que formam a vida, e só sentiremos o outro a partir de uma relação de compaixão. Jesus professou uma mensagem semelhante séculos antes.

Para direcionar o nosso pensar, podemos contar com a experiência do Rabino Abraham Joschua Heschel. Além de uma trajetória de vida apaixonante, Heschel nos ensina que a oração é a forma de aproximar o humano do transcendental, aproximando-o do mistério que é o âmbito sublime do mundo. A oração legítima para Heschel, pode ser entendida como um pensamento direcionando à encarar a unicidade de Deus no mundo. Nesse sentido, o homem, ao direcionar seu pensamento, se insere no mundo em que vivemos e se conecta com o âmbito transcendental. O Corão nos ensina que a única passagem vivenciada integralmente por Mohamad é a sua viagem até a mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, na qual ascendeu aos céus para receber a orientação da oração. A oração aparece então como uma ponte entre nossas religiões.

0255

Michel Gherman e jovens representantes das três religiões.

Volto aos conceitos de TIKUN OLAM (transformação do mundo) e TIKUN ADAM (transformação do homem) para enaltecer o valor da luta pela realização dos ideais de todos os jovens aqui presentes. A comunidade judaica do Rio de Janeiro já pratica uma série de atividades em conjunto com outras religiões, outras comunidades, e pessoas com diferentes realidades sociais na busca por uma transformação do mundo. Quaisquer exemplos citados aqui não esgotarão todas as iniciativas da nossa comunidade.

A certeza que o sol renascerá amanhã, e com ele nossa mente acordará sob os auspícios do racionalismo e dos grilhões da vida cotidiana, impede que o mistério da subjetividade nos envolva. Porém, nós temos a sorte de morar no Rio de Janeiro. Nessa cidade, um simples trajeto de ônibus mostra a beleza de uma natureza sem fim conjugada com a riqueza e a pobreza lado a lado no mesmo cenário. A partir dessa realidade temos a obrigação de lutar por alguns objetivos como o fim do preconceito religioso e da desigualdade social, demandar uma estrutura urbana de qualidade e que não haja destruição da natura que compõe a nossa cidade. Iniciativas com esse objetivo também nos conectam com a religião, seja o judaísmo, o catolicismo, ou o islamismo. A comunidade judaica já se move nessa direção.

Gostaria de dar especial destaque aos programas das escolas Eliezer Steinbarg Max Nordau, A. Liessin Sholem Alechem, do centro universitário Hillel Rio, e dos movimentos juvenis Bnei Hakiva, Chazit Hanoar, Habonim Dror e Hashomer Hatzair. Todas essas instituições trabalham para formar a identidade daqueles que serão os próximos líderes e ativistas da comunidade judaica, para conscientizá-los que vivemos num único mundo, e que a COEXISTÊNCIA é o caminho. Através de iniciativas como o “Tzedek(justiça)” do Hillel, “Vizinhos de Portas Abertas do colégio A. Liessin, do “Bnei Maavar (filhos da passagem)” do Eliezer Max, da “Chaverim ( amigos)” da Chazit Hanoar, “Conexão do Bem” do Habonim Dror, as crianças e os jovens da comunidade judaica entendem que apenas ajudando ao próximo é possível construir um mundo mais justo.

Para finalizar, gostaria de agradecer a todos que me concederam a oportunidade de estar aqui hoje. Reafirmo que esse evento é apenas o primeiro de uma jornada local da juventude em direção à uma sociedade livre de preconceitos e integrada ao redor de um objetivo comum – a transformação do mundo – começando pela nossa comunidade carioca. Como será essa transformação, nós iremos pensar juntos. Para onde queremos seguir, nós iremos decidir juntos. Há apenas um elemento que não podemos nos desfazer, o DIÁLOGO COMO IGUAIS.

Discurso proferrido por Rodrigo Baumworcel no “Encontro Inter-Religioso entre Católicos, Judeus e Muçulmanos”.

Homenagem a Moshe Silman

Moshe Silman se imolou porque estava endividado e não tinha onde morar. Após ter um AVC e não ter mais condições de trabalhar, não recebia o mínimo do seguro social para pagar suas contas. Tentou entrar na justiça, tentou recorrer, mas acabou perdendo sua casa devido às dívidas. No sábado, durante as manifestações de um ano do protesto social, ele se imolou e o primeiro ministro Bibi emitiu um comunicado oficial, no qual se mostra triste com a tragédia pessoal de Silman.

Nessa placa lê-se em hebraico: “Bibi vc é a nossa tragédia pessoal”.

No jornal israelense estão sendo comparadas as tragédias pessoais de todos com dificuldade de viver por causa das políticas públicas do governo Likud.

Plugin by Social Author Bio